sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Frida y Diego



A vida de Frida Kahlo já foi esmiuçada como os ossos de seu corpo depois daquele acidente de bonde. Seus amores já foram pintados com os detalhes dos murais de seu eterno amor, Diego Rivera. Seu sofrimento já foi exposto como ela se expos nas suas telas cheias de imagens chocantes e ternas. Diego, brilhante artista e muralista, sempre ficou à sua sombra, mas tem um porquê. Frida sobrepõe à barreira artística pra estar eternamente no inconsciente humano como exemplo de superação. Sua obra é sua vida e Diego sabia que ela era uma artista pura, com o dom. Frida e Diego é o casal mais icônico da história das artes plásticas e a peça “Frida y Diego” conta muito sobre isso. Conta muito sobre quem foram Diego + Frida. Impossível desassociá-los. São como um só.

A peça começa em 1940, no ano em que eles reatam o casamento, após um ano de separação. Somos informados do ano e local por meio de projeções em telas suspensas no palco. A partir daí, em forma de flashback, somos conduzidos pela vida a dois, no íntimo, na amargura, no tesão, nas traições, no amor, no companheirismo. Temos Diego no auge, Frida em crise com suas obras, a inclinação e dúvidas ideológicas, a antítese dos dois comunistas nos EUA, as traições, as brigas, a tequila. O humor e o drama permeiam todo o espetáculo, como uma montanha russa. Destaque para a cena de um dos abortos que Frida sofre, onde duas mortes brincam com ela e o feto. Uma cena dura e forte, mas bela e poética. Outro grande destaque vai para o duo de músicos que fazem intervenções pontuais, interessantes que dão dramaticidade e mexicanidade à toda peça.


Quem gosta de Frida deve ver. Quem não gosta, também. A peça é muito boa, tem bom jogo de projeções, a maquiagem é excelente, e porque não, a vida dos dois é inspiradora e interessante. Há momentos em que pode se torna cansativa pela repetição de cenas falando sobre os mesmos assuntos, como traição. Mas vejam por Leona Cavalli e José Rubens Chachá. Ambos captaram a essência dos personagens. Leona está lindamente feia e Chachá está estupendo como o Panzón. Alguns podem pensar que Leona está overacting, mas a vida de Frida é uma hipérbole dramática e intensa. Eles tem uma conexão digna de Frida e Diego. 

Teatro Raul Cortez – Rua Doutor Plínio Barreto, 285.
Em cartaz: Sexta, às 21h30; sábado, às 21h; domingo, às 19h, até 14/12/2014.
Ingressos: R$ 60,00 (às sextas-feiras), R$ 80,00 (aos sábados) e R$ 70,00 (aos domingos).
Classificação indicativa: 12 anos.

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