quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cenas de um Casamento

Como começar a entender o cinema de Ingmar Bergman. Ao invés de ir de cara com "O Sétimo Selo", "Fanny e Alexander" ou "Morango Silvestres", caiu nas minhas mãos o livro "Cenas de um Casamento" do histórico diretor sueco. Então, a fim de desestruturar a aura imaculada que há em volta de Bergman, decidi me arriscar - até porque um livro tem capacidade de ser muito mais complexo do que qualquer obra audiovisual. Porém, diferente de tudo que tenho lido atualmente, logo percebi nos primeiros parágrafos que haviam apenas diálogos e pequenas menções de estado ou lugar, como se estivesse lendo um roteiro cinematográfico. Essa estranhesa foi substituida pelo envolvimento que a vida, ou seria montanha russa, de Marianne e Johan nos proporcionam.

Dividos em 6 capítulos, vemos a vida do casal Marianne e Johan mudar por completo do começo ao fim do livro. De cara começa com a perfeição em forma de casamento. A família perfeita é composta por Marianne, uma advogada bem sucedida, Johan, um professor renomado e duas filhas lindas. Os medos e incertezas comuns de todos que trocam alianças não existem. A confiança, felicidade e exemplo de perfeição do que a burguesia introduziu em nossas mentes do que a instituição família.

Ao decorrer das os fantasmas da impaciencia, imaturidade, ódio, paixão e amor surgem como explosões incontroláveis de lavas de um vulcão. Os diálogos vão ficando cada vez mais agressivos, intensos e envolventes ao leitor. A saída de Johan de casa por conta de uma paixão incontrolável é o grande auge das mudanças na vida do casal. A perfeição cai por terra. Olham para trás e vêem que não foram felizes, não viveram e não foram amigos. A verdade que deveria permear a relação, nunca existiu. Entre idas e vindas, visitas surpresas, acasos, o ex-casal volta a buscar respostas, certezas. Voltar é uma solução? Não há como saber nunca.

Bergman nos agracia com um livro-diálogo de tamanha força. Os personagens são infantílmente interessantes e maduramente complexos. São capazes de frases inesquecíveis e bobagens condenáveis. Acessos de fúria, agressões, sexo e conhaque à beira da lareira, são elementos das variações de humor desse casal, mas que poderia ser de todos nós. A vida a dois (ou a não vida) tem nesse livro um representante à altura do definitivo. O meu fantasma sobre Bergman se dissipou. Agora vou começar a me embrenhar na filmografia. Só por questão de gratidão, começarei com a série (de 6 capitulos feito para a Tv sueca) ou o filme, que nada mais é do que a fragmentação da série. Assim que o fizer, digo o que achei. Liv Ullmann e Erland Josephson dão vida aos queridos Marianne e Johan.


2 comentários:

Leandro Antonio disse...

Bergman is the man!

Anônimo disse...

Nunca li um livro de Bergman mas é um autor muito recomendado e acho que a semana que vem vou receber de presente um dos seus livros porque ouvi a meu marido falando disso com meus filhos.
Acho que vou pedir delivery em itaim para todos porque adoram um lugar que sempre ligo.